sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Escrava


Ó meu Deus, ó meu Dono, ó meu Senhor,

Eu te saúdo, olhar do meu olhar.

Fala da minha boca a palpitar,

Gesto das minhas mãos tontas de amor!


Que te seja propício o astro e a flor,

Que a teus pés se incline a terra e o mar,

P'los séculos dos séculos sem par,

Ó meu Deus, ó meu Dono, ó meu Senhor!


Eu, doce e humilde escrava, te saúdo,

E, de mãos postas, em sentida prece,

Canto teus olhos de oiro e de veludo.


Ah, esse verso imenso de ansiedade,

Esse verso de amor que te fizesse

Ser eterno por toda a Eternidade!...


(Florbela Espanca)

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